“Se eu não for agora, talvez nunca descubra quem eu
sou na verdade?” Esta é katie falando com uma senhora a quem recorria quando
queria conselhos. A resposta da amiga idosa é muito emocionante: “Você é aquela
que gosta de fazer passeios noturnos de charrete porque é uma dos poucos que consegue conduzí-la à noite (...) Não pense que vai encontrar lá
fora o que já não encontrou aqui (...) Foi o amor que te trouxe, é o amor que
está te levando (...) Então vá!”
Sair do assentamento é a pior transgressão que um
amish pode cometer, é o seu 'pecado de morte'. À procura de sua mãe biológica,
katie renuncia o modo de vida amish, mas ao chegar na casa da sua genitora, encontra
uma impostora se passando por ela. A mãe, apesar de não ser, quer uma filha
amish. Seu conflito existencial aumenta, pois a vida que abandonou alguém está
usurpando. Novamente katie enfrenta o dilema de quem é na verdade: Uma inglesa
ou uma amish.
Lembra muitas histórias de pessoas que abandonaram a
igreja para viverem uma paixão. Anos mais tarde o cônjuge se converte ao evangelho. Toda desconsertada a pessoa volta na igreja acompanhando
aquele(a) por quem a deixou. Talvez não esteja contente, mas muitos invejam o
lugar que ocupa.
Quando sua mãe de criação pergunta: "O que vai dizer à ela (mãe biológica) quando a encontrar?" O coração cheio de bondade da adolescente, responde com a 'verdadeira marca do cristão' - amor e perdão: "Vou dizer-lhe: Obrigado por me permitir ter os melhores pais que uma criança poderia desejar. Seguirei minha viagem para descobrir quem sou de verdade e, mesmo que alguns não entendam, amo a toda minha congregação. Eu te amo mamãe!"
Antes de ter essa conversa e se decidir por ir
embora, nossa aventureira ainda em conflito, vai à cidade, se dirige a uma loja
e diz à vendedora - “Eu quero ser como você?" - que lhe escolhe umas roupas atuais. Katie
faz um pequeno passeio olhando a modernidade e refletindo sobre sua vida,
quando depara com outras pessoas amish, suas conhecidas e se esquiva para não
ser vista.
Os costumes não nos dão a identidade de cristão, só
a identidade da denominação. E nem todos os que têm seus nomes no rol de
membros de uma instituição terrena, terá seus nomes escrito no Livro da Vida nos céus. Não
é porque fazem parte da igreja militante que farão parte da igreja triunfante.
Mas qual é a nossa identidade como pessoa e por que
está tão distorcida? Será que a culpa é toda da instituição religiosa? Porque se
a igreja faz as pessoas, as pessoas também fazem a igreja. E quando a igreja é
que passa por uma crise de identidade e muda seus ensinamentos, como reagem os
membros, mudam também ou permanecem no que antes aprenderam?
“É semelhante
ao homem
que contempla no espelho o seu rosto
natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como
era” (Tiago 1:23,24).
Veja um exemplo, a CCB nasceu em berço pentecostal, sua
infância foi pentecostal (falava em línguas estranhas) agora na juventude, age
como uma mocinha rebelde que nega suas raízes e declara que não é, nunca foi,
nada tem de pentecostal. A CCB está em transição abandonando definitivamente o
falar em línguas. Quando foi a última busca de dons na sua comum (igreja local)? Se algum dia
a igreja declarar que a Bíblia não é, apenas contém, a Palavra de Deus, você
vai declarar isso também?
Muitos me criticam dizendo: “Você ainda não entendeu
o que é esta graça?”; Outros me evitam pensando: “Este irmão não tem
entendimento, não está convertido?”; Alguns me ofendem acusando: “Do jeito que fala mal da igreja deve ser um
pecador de morte [adúltero]” (30º comentário anônimo em 'Transei... E agora?').
Eu não falo mal da igreja, eu falo bem da doutrina, porque não sigo um sistema ideológico, sigo a Bíblia – Infalível Palavra
de Deus. Isto me faz pensar; falar; agir um pouco diferente que a maioria na igreja, mas não errado.
Não fui eu que não entendi o que é esta graça (referindo a CCB) foram os que me
disseram isto que não entenderam Quem é a Graça, e que este título não pode ser
usurpado e que esta coroa é muito pesada para uma igreja carregar.
Por que não deixa a Congregação? - poderá alguém me perguntar. Eu não penso como a maioria que vê uma igreja ideal, para mim: "A CCB não é a única igreja certa; mas é certo que a CCB é uma igreja única". O que proponho não é deixarmos a igreja e sim uma ideologia para fazermos uma igreja melhor: mais evangélica; mais pentecostal; mais cristã, mesmo que isto custe nossa marginalização no grupo. Mas pode ser que de alguns teremos a admiração.
Moisés sabia quem era, sua adoção lhe tornava um príncipe, porém foi maior homem depois que renegou a grandeza da sua posição egípcia. A libertação dos hebreus não veio pelo príncipe, mas pelo escravo; não veio pelo nobre, veio pelo plebeu.
"Moisés sendo já grande recusou ser chamado filho da filha de faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado, tempo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito... Pela fé deixou o Egito, sem temer a ira do rei" (Hebreus 11:24-27)
O filme “O Segredo” (The Shunning) termina com a
cena de um ônibus de partida tomando a estrada. Nele está katie seguindo numa
viagem ao desconhecido porque jamais, em seus vinte anos de vida, havia saído
do seu pequeno mundo amish. Que surpresas a aguardam e quais serão suas
descobertas? Quer ser um cristão verdadeiro sem máscaras? Você tem coragem de subir neste ônibus? Então, prepare-se para uma
aventura... Sua jornada vai começar!
"Seguirei minha viagem para descobrir quem sou na verdade.
E mesmo que alguns não entendam, amo toda a minha congregação"
(Katie Lapp)
FIM
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