Verso áureo: “Não meterás, pois, abominação em tua casa, para que não sejas anátema, assim como ela; de todo a detestarás e de todo a abominarás, porque anátema é” (Dt 7:26).
A Congregação Cristã no Brasil demonstrava aversão aos meios de comunicação, em especial, a televisão e o rádio. Hoje dispomos e, naturalmente, fazemos uso de uma imensa parafernália tecnológica, inclusive cobramos um site oficial; mas houve dias que ficávamos apavorados ao ler ou ouvir o versículo do cabeçalho, outrora tantas vezes citado, agora no esquecimento engavetado.
Antigamente os crentes agiam como o salmista: “não porei coisa má diante dos meus olhos” (Sl 101:3), atualmente o televisor é comum na grande maioria dos lares cristãos. Naqueles tempos, enquanto o governo censurava a programação, o ministério censurava a aquisição. Houve rigor demais, ou está havendo temor de menos? O crente está cada vez se santificando ou secularizando? Afinal que mal há em ver televisão?
A VISÃO
Instrumento da mídia. A televisão é o veículo que atinge maior número de pessoas, por isso mesmo o de maior mídia. Definirei mídia não como um meio, mas por seus fins; aqui será abordada como o elemento influenciador dos conceitos e vontades humanas, que procura estabelecer as regras de comportamento, pensamento e de consumo das populações, bem como os valores éticos e morais da sociedade.
Enquanto a mídia é a regra de conduta da sociedade,
A Palavra de Deus é a regra de conduta da igreja.
Inversão de valores. A TV (mídia) modifica a visão das coisas. Principalmente nas novelas, aquilo que é certo, como o amor conjugal verdadeiro e a pureza, são vistos como algo ultrapassado. Casais, famílias, lares felizes e abençoados jamais aparecem no vídeo, também o materialismo é apresentado como algo muito nobre e elevado. A palavra de Deus adverte: “Ai dos que ao mal chamam bem…” (Is 5.20,21).
Incentivo à promiscuidade. A TV estimula o pecado. Na programação em geral é comum cenas de insinuação sexual, ensinando e estimulando a fornicação, o adultério e o homossexualismo. Dia desses vi artistas famosos falando, sem recato, da prostituição cinematográfica num programa vespertino com classificação livre. O crente aderiu e adquiriu TV; reflexo ou coincidência, vemos o pecado destruindo muitos lares cristãos; lembremos da carta vinculada aos tópicos de ensinamento desse ano (2009).
A TV estimula a violência. Querendo livrar nossos filhos da violência das ruas, acabamos por expô-los à violência televisiva. No Brasil, ao completar 14 anos, uma criança já terá assistido 11.000 crimes na TV. Em 200 horas de programação, são vistas 30 mortes cruéis; 1018 lutas monstruosas e animalescas; 3.592 acidentes; 32 roubos; 616 cenas de uso criminoso de armas; 57 seqüestros; 410 trapaças; 86 chantagens e 321 aparições de monstros pavorosos e infernais. (Lições Bíblicas CPAD 2º trimestre de 2007)
Escola do mal. Sim a programação televisiva transformou-se numa escola de violência e pecado, e, nós pais, devemos controlar e supervisionar o que os filhos vêem na televisão. Bem verdade que podemos utilizar a mídia para o bem, mas quem negará quão perniciosa é a programação atual. Ou a família controla a TV, ou a TV controla a família.
Secularismo. O resultado produzido pela mídia é a cultura popular ou o secularismo. Para a cultura secular a idéia de bem e do mal é variável conforme o tempo; prega que o ser humano deve se moldar aos tempos modernos, rejeitando os valores absolutos e eternos da Bíblia, aceitando como diretriz apenas os fatos e influências da vida presente, ou seja, devemos seguir as tendências, ou “dançar conforme a música”. Desse modo, a secularização faz com que percamos a sensibilidade espiritual e os valores cristãos, esvaziando-nos daquilo que é santo. Somos exortados: “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). A secularização é o contrário da santificação sem a qual ninguém verá a Deus (Hb 12:14).
Memorize: A secularização é o processo oposto à santificação.
Mídia x Bíblia (sociedade x igreja). Enquanto a mídia está voltada para o presente, o agora; a bíblia e igreja está voltada para a eternidade. Enquanto a mídia trabalha em função da emoção; a igreja trabalha em função da fé. Enquanto a mídia funciona conforme a lógica econômica; a bíblia e igreja ignora a lógica econômica. Enquanto a mídia constrói-se na transitoriedade; a igreja na perenidade. Enquanto a mídia preocupa-se com a aparência do indivíduo; a igreja preocupa-se com a essência do indivíduo. Enquanto a mídia forma consumidores; a igreja forma cidadãos dos céus.
Recordando: O uso da televisão pode ocasionar vários problemas à igreja e à família; estimular a violência, o pecado e modificar os padrões de certo e errado.
A REVISÃO
Em preto e branco. A televisão já figurou como ícone do avanço tecnológico, da vida moderna e da prosperidade material. Hoje na era da TV digital, o grande o acervo de inovações tecnológicas, minimizou a importância deste aparelho. Por quê falarmos então sobre a televisão?
Símbolo de separação do mundo. Esta simboliza, para mim, e faz recordar uma época em que o crente vivia em nostalgia contemplando a pátria celestial e não se importava em ser diferente ou separado do mundo. Hoje não buscamos a separação; sim a associação, porém ser cristão é se identificar com Cristo e não com o mundo. Vemos cada vez mais os que servem a Deus parecidos com os que não servem. Em muitos casos já não é possível o reconhecimento visual.
“Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 10:1).
Quem influência quem? Não é a televisão em si que é ruim, nossa passividade diante dela que é. A igreja como sal da terra e luz do mundo deveria influenciar o mundo, mas acaba sendo influenciada por ele. A mídia visual é persuasiva e o crente acabou cedente ao seu poder de sugestão, seguindo as tendências e abraçando os modismos, quando deveria servir de guia na escuridão, foi por isso que orou Jesus:“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17:15).Com a guia de Deus, viveremos no mundo, mas afastados do mal.
“Qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus”(Tg 4:4b).
Tá tudo dominado. Se fizermos uma análise consciente do que realmente vale a pena assistirmos na televisão ficaremos chocados com o resultado, pouca coisa restará. Se não precisamos tanto assim, porque nos tornamos tão dependentes? Já é uma condição imposta pela mídia do consumismo: “Ter pra ser”. A sociedade lhe receberá de braços abertos se consumir o que todos consumem, se pensar o que todos pensam, e agir como todos agem; porém achará “estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós” (1Pe 4:4).
Como não ser dominado? Porque “Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1Co 6:12b).
a)Buscando a edificação. “Nem todas as coisas edificam” (1Co 10:23b). O crente não precisa recorrer a padrões humanos para definir seu estilo de vida, ou posicionar-se quanto ao que aprova ou desaprova. Deve sempre procurar fazer aquilo que traga alguma edificação. Assim, se for sua opção de culto particular não ter televisão, não se espelhe neste ou naquele, mas faça segundo sua consciência (Js 24:15).
b)Discernindo. “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21). Por este versículo, somos convocados a discernir a cultura do nosso tempo, classificar e censurar o que vemos na televisão, e reter somente aquilo que é bom, edificante e útil. A capacidade de discernimento é conferida a todos que são espirituais (1Co 2:15).
c)Ocupando a mente. Já diziam os nossos avós: Quando a mente não está ocupada, só pensamos em coisa errada. Quando a cabeça está vazia, acabamos enchendo-a com porcaria. Com o que você tem se ocupado? Têm você se dedicado em algum projeto pessoal? O apóstolo Paulo dá-nos uma sábia orientação quanto ao que devemos acolher em nossa mente e coração: “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”(Fl 4:8).
d)Aproveitando o tempo. As pessoas vêem televisão não somente quando estão ociosas, mas por hábito (ou vício), muitas vezes deixam tarefas por fazer para terem mais tempo ‘a perder’ com a TV (videogame, Internet). Por quê não dedicarmos mais do nosso tempo com atividades mais saudáveis? Como, por exemplo, ler, passear, praticar esportes, aprender música, artes ou profissão, ser voluntário em alguma coisa. Você já pescou ou montou cavalos? Já tomou banho de cachoeira ou fez piquenique com a família? Sabe cozinhar ou costurar? Ou a mídia lhe ensinou que isto não tem graça?
Recordando: A televisão já não reina absoluta. Todo este aparato tecnológico pode ser benção ou maldição. É dever do crente examinar tudo com sabedoria e aproveitar o que é bom.
A CORREÇÃO
O conceito sobre a televisão. Todavia foi com outra visão que o crente se afastou do televisor no passado. Não foi por consciência, mas por ignorância. Não foi por opção, mas por imposição. Tudo o que se falou, todo este pavor e proibição vieram de um erro de hermenêutica (pra variar).
É trágico, vou tornar cômico. Se, faltou interpretação, sobrou imaginação:
As ondas de transmissão difundiam a programação,
Para nós era a geração da imagem da besta de profanação.
As antenas de captação eram os chifres da aberração,
Assistir televisão era, ao diabo, fazer adoração.
Enquanto o governo censurava a programação,
O ministério censurava a aquisição,
Fizeram tópicos de ensinamentos para a proibição,
E quantas vezes ouvimos a pregação:
Aquele que é temente e crente de coração,
Não ouve rádio nem assiste televisão.
Pois tal coisa é uma grande abominação.
Quem comprar esta maldição não será mais nosso irmão.
Acredite quem quiser, refute quem puder. É exatamente isto que você leu. Caso tenha esquecido, foi considerado, ensinado e pregado que o rádio era a besta que fala, sendo o televisor a segunda fera que deu imagem à primeira. No entanto Apocalipse 13:18 diz se tratar de uma pessoa – o Anti-Cristo, precedido pelo seu falso profeta.
O conceito desfeito. Somente em 1992, na 57ª Assembléia foi reconhecido o engano, porém faltou reconhecer a culpa que sempre recai sobre a irmandade.
* 15 – A IMAGEM DA BESTA QUE FALA NÃO É A TELEVISÃO
No livro de Apocalipse, capitulo 13, verso 15, está escrito que foi concedido à besta que subiu da terra, que desse espírito à imagem da besta que subiu do mar, para que ela falasse. Essa imagem não é a televisão, como alguns, por equivoco, pensaram.
Revogue-se. Embora não vemos na prática, na teoria a proibição continua valendo já que os ensinamentos deliberados pelo Conselho de Anciães não foram revogados. A última declaração foi na Assembléia de 1997.
16 – APARELHOS DE TELEVISÃO.
Quem tem ministério não deve possuir. Entretanto, temos que ter todo o cuidado nas pregações, a fim de não atacar aparelho de divulgação e cultura do Governo. Também não se deve atacar computadores, nem denominações religiosas.
Não se deve orar para nenhum ministério na Obra de Deus se a pessoa tiver televisão.
Correção: A televisão não é um ‘fim’ diabólico, mas um ‘meio’ a serviço do homem.
A REFLEXÃO
Ótica contextual e crítica. Considerando ser a televisão uma manifestação diabólica, o crente historicamente não fez uso de tal aparelho. Passaram os anos, o conceito mudou e acabamos aderindo ao uso e consumo que silenciosamente vem moldando nossos gostos e visão, provocando em nós uma secularização fazendo-nos ficar cada vez menos sensíveis com as coisas espirituais. Surge então um crente contemporizado que prefere estar integrado ao sistema, que separado do mundo. Julga ter pensamento próprio, mas segue sempre uma diretriz, somente alternando o elemento influenciador: Vezes, o postulado encíclico dos Anciães; vezes, a cultura popular da mídia, quando deveria testemunhar firmemente a este mundo secular que a Bíblia é sua única norma de fé e prática e árbitra da sua conduta.
Conclusão: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas conveem” (1Co 6:12a). Nossa liberdade cristã, pelo princípio da licitude, nos confere a escolha de termos ou não televisão. Nossa consciência cristã, pelo princípio da conveniência, nos constrange ao discernimento e seleção do que vamos assistir.
Reflexão. Como ocorreu com a televisão, atualmente, a igreja pode estar agarrada em costumes e ensinamentos que amanhã abandonará. Aquilo que é transitório, passageiro e regional não se constitui numa autêntica doutrina bíblica que é invariável, eterna e universal.
Adivinha: Não é bicho-papão, mas mete medo e fica escondida no guarda-roupa?
Resposta: A televisão de um crente novo-convertido.
!!!
...Essa piadinha costumava ter graça há algum tempo atrás.