"As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?" (Salmo 42:3)
Reunião de
mocidade (encontro ou congresso de jovens) é uma ocasião solene e festiva que
congrega os jovens da igreja de diversas localidades com o objetivo secundário
- talvez primário - deles se conhecerem, formarem amizades e atarem namoro.
Qual de
nós que olhando para aquela multidão de rostos juvenis, vistosos e sorridentes
poderia imaginar que muitos deles ao chegarem em suas casas, ou ficarem sozinhos, terão seus
semblantes alterados e seus sorrisos convertidos em lágrimas.
‘Pequei de morte?’ ‘Será que ainda sou crente?’ ‘Ainda
resta esperança e salvação para mim?’ São algumas das perguntas que se
fazem – e me fazem – por terem cometido algum erro, geralmente de natureza
libidinosa.
“Porque estás abatida, ó minha alma, e porque te pertubas em mim" (Salmo 42:5) "Tristezas de morte me cercaram, e
torrentes de impiedade me assombram. Tristezas do inferno me cingiram,
laços de morte me surpreenderam” (Salmo 18:4-5).
O que lhes
causa tanta tribulação é a sentença de morte declarada pelos ensinamentos da
igreja para os que tais atos comentem. O ensinamento é uma interpretação da
doutrina bíblica, eles estabelecem as regras de condutas e a norma eclesial que
nos disciplina conquanto membros. Se a
bíblia é a Palavra, o ensinamento é a letra.
Realmente
não podemos banalizar o pecado e nossos atos têm suas conseqüências, do mesmo
modo, não podemos diminuir a graça que recebemos e pela qual fomos
justificados. Como perguntam se ainda lhes resta salvação, provavelmente não entenderam
o que é a salvação:
Salvação
não é prêmio por uma conquista ou recompensa que fizemos por merecer; não é
resultado de boas obras: “Não vem das
obras para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9); não é um
conhecimento adquirido ou um segredo que desvendamos; não é uma mercadoria
exclusiva ou um produto patenteado de alguma denominação.
A salvação
é uma obra profética de amor que desde a eternidade previu nossa
queda e preparou um caminho de redenção. Mas, O Pai, O Filho e O Espírito Santo
conjurados guardaram isto em segredo até que “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em
todas gerações foi manifesto aos seus santos” (Cl 1:26). É a inesperada, imerecida e
constrangedora resposta de Deus, Pai de amor, à nossa ofensa para com sua
santidade. Tão grande ofensa que trouxe tão grande culpa que necessitava de uma
tão grande salvação.
“Óh, feliz culpa que mereceu tão grande Redentor; que para
salvar o escravo sacrificaste o Filho” (Pregão Pascal)
A Bíblia
nos apresenta esta “tão grande
salvação” (Hb 2:3) como um dom (presente) de Deus. Os
efeitos da salvação são muito amplos. Mesmos nós, crentes em Jesus, que já
desfrutamos das bênçãos dessa maravilhosa graça e conhecemos na prática algo de
seu valor, muitas vezes não damos conta da sua magnitude e verdadeira grandeza.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não
vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8)
A salvação
é um conjunto de benções que opera no pecador: O perdão; a justificação; a
redenção; a santificação; a regeneração; e vivificação. A salvação é imediata e
ao mesmo tempo progressiva porque é um processo que vai terminar no céu.
A graça é
imensurável, mas para dar força à letra; à sua interpretação; ao ensinamento da
sua razão, o homem restringiu a graça. Enquanto a denominação nos apresenta uma
graça medíocre, que tem limite, vencida pelo pecado; o evangelho que é o poder
de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16), nos fala de uma graça
maravilhosa, imarcescível e superabundante.
“Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o
pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5:20)
Estes
jovens estão em dúvida - alguns sem esperança - porque o zelo denominacional os
fez aceitar o pesado jugo eclesial e tornaram-se escravos de uma ideologia
humana que diz que a graça só vai até o ‘pecado de morte’ que segundo a interpretação
é a fornicação. Por não suportarem o fardo estão cansados e vivem o dilema que lhes esvai a
esperança: “O que fiz foi fornicação; Terei salvação?”
Aliviai-vos: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso
e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o
meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:29,30)
Na reunião de mocidade buscaram com risos alguém para namorar, ficaram felizes quando encontraram, depois procederam lascivamente (exibiram a nudez; masturbaram-se mutuamente; simularam o ato sexual, etc), e agora sentem pesar porque o namoro não foi santo e, pelo acusador, são atormentados dia e noite: "Não és mais crente; Este não é o seu lugar; Pecaste de morte"
"Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu estava em meio aquela multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a mocidade que festejava" (Salmo 42:4*)
Alguns
deles mantiveram relações sexuais e, de fato, fornicaram. Este é um pecado
grave, segundo a interpretação: ‘de morte’; A sentença segundo a letra: ‘morte’.
A esperança dos que seguem a ideologia morre, e o crente que fora vivificado
(Ef 2:1,5) agora está morto e não sente mais a presença de Deus.
A graça
não pode romper a barreira da fornicação? O poder do evangelho (Rm 1:16) não
pode fazer brotar a esperança que murchou e se esvaiu? É isto o que a Bíblia
diz?
A Bíblia
me diz: “Bendito seja o Deus que,
segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança...
para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível [que não se pode
murchar]” (1 Pedro 1:3,4); O evangelho reforça ainda que fomos “de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível: pela Palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1
Pedro 1:23).
A graça excede a lei; A Palavra sobrepuja a letra.
Enquanto a
lei determinava que perdoássemos sete vezes nosso irmão, o Senhor Jesus disse
para perdoarmos setenta vezes sete (Mt 18:22). Se isto cabe a nós qual é a
oferta de perdão Dele?
Durante o
sermão “O escândalo da graça”, o pastor Marcos Feliciano pregou: “A Bíblia apresenta 370 (trezentos e
setenta) classes de pecado. Porém na Bíblia foram feitas 8000 (oito mil)
promessas de perdão”. Eis aqui uma: “Porque sete vezes cairá o justo (ou setenta vezes sete), e
se levantará” (Pv 24:16).
O Senhor
Jesus deixou na tua conta 490 (quatrocentos e noventa) perdões. Se você cometer
todos os pecados (370 segundo aquela pregação) te sobrará uma gordurinha, um
saldo positivo de 120 (cento e vinte). Mas este primeiro depósito é somente um
sinal ou uma mesada porque a Palavra penhorou “8000 (oito mil) promessas de
perdão” para o teu resgate. Aleluia!
Pergunto: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? Quem
nos condenará? Quem nos separará do amor de Cristo Jesus nosso Senhor?” (Rm
8:33,34,35).
A Bíblia não é livro de acusação; Ela é a tua defesa e o
Senhor Jesus, o teu advogado (1 Jo 2:1).
A
condenação de morte foi revogada, se temia o carrasco, adore o Salvador. Ele
arrancou a sentença assinada pela letra das mãos do teu acusador, rasgou e o
fez engolir. A dívida que teus credores exibiam em público te humilhando foi paga
e a fatura carimbada “quitado” foi pendurada no alto. Teu nome está limpo – “Havendo riscado a cédula que
era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária,
a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e
potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto,
ninguém vos julgue...” (Colossense 2:14,15,16)
O
evangelho me salvou; a graça me perdoou; a Palavra me libertou (Cl 1:13).
Portanto, “estais, pois, firmes na
liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do
jugo da servidão” (Gálatas 5:1). “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa
sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens,
segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (Cl2:8).
Por meio
do evangelho descobrimos que a justiça de Deus se faz de fé em fé (Rm 1:17). A
mesma fé que te matou para o mundo e fez viver para Cristo, é a mesma fé que deve usar quando a ‘letra’
o acusa e quer ter matar e separar de Cristo. A salvação não precisa da
aprovação dos ensinamentos e nem é validada pela letra, ela é dom de Deus que
vem pela graça; e temos entrada a esta graça pela fé (Rm 5:2).
Fornicação
como pecado de morte é uma doutrina nascida da interpretação humana – Digo isto
não para que pequeis, mas para que vos consoleis na esperança da salvação. O
verdadeiro pecado de morte é a apostasia, o abandono da fé; É deixar de crer na
salvação em Jesus Cristo. Ele
é a graça; O mistério que esteve oculto; O caminho que estava preparado desde a
fundação do mundo. Por isso:
“O justo viverá da fé; E, se ele recuar (apostatar), a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10:38).
Dizem que "a
esperança é a última que morre". Digo-vos: A
letra só pode matar, se a esperança morrer! Enquanto haver fé, a graça agirá e a
Palavra vos vivificará.
Regozije-se:
“O que me consola na minha angústia é isto: que a tua Palavra
me vivifica” (Salmo 119:50**)
* contextualizado
** versão revista e atualizada