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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O casamento do século



Não falo do casamento do príncipe William e Kate Middleton, estou me referindo ao casamento de Mônica e Cebolinha, os quais dispensam apresentações.

A vida é assim mesmo... Um dia os vê crianças e brincando brigando, no outro os vê jovens e se beijando. Os planos infalíveis eram para derrotar a Mônica ou conquistá-la?

"Mônica, vamos nos unir e juntos dominalemos a lua" - Será que foi assim que Cebolinha pediu a bela dama em casamento? Bela sim, porque de dentuça, baixinha e gorducha ela não tem mais nada. Dama sim, porque deixou de ser briguenta, mas não de ser poderosa.

Certamente todos sabem qual é - ou era - a principal característica de noivo; quando menino falava errado. Vejam como é a vida: Quando menino eu falava como o Cebolinha e precisei de um ano de sessões com a fonoaudióloga; Ontem meu filhinho começou fazer o tratamento.

A vida é assim mesmo... Alguns que comentaram neste blog ainda jovens, hoje estão casados. Quando postei o vídeo de Karen Luana, ela ainda recitava* nas RJMs; A primeira seguidora e incentivadora do blog hoje vive sua eterna primavera. Eu desejo: "Para os solteiros, sorte no amor nenhuma esperança (está) perdida; Para os casados nenhuma briga, paz e sossego na vida".
 


O criador da turma da Mônica é um desenhista; O Teu Criador é escultor e formador de todas as coisas.

Se o casamento de Mônica com Cebolinha está dando o que falar, o namoro de Neymar (novo personagem) com Magali promete! Se este namoro der em casamento, que não façam como Ronaldo 'fenômeno' e Cicarelli que casaram no castelo de Chantily, senão a noiva comerá todo o castelo.


*Recitar: Falar decor versos bíblicos
RJMs: Reunião para Jovens e Menores (culto da mocidade)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Por que é tão difícil sentir o perdão?


Depois de cair na tentação é difícil se libertar, essa jovem mesmo de joelhos pedindo perdão não consegue se libertar de seus pecados e da sombra negra que a envolve. (iplay)



Essa foto muito me impressionou e com certeza causará espanto em muitos. Ela realmente dá arrepios, mas não se assombre e nem fique imaginando coisas, é apenas uma arte que ilustra o lamentável estado de espírito e ânimo em que fica uma pessoa depois de sucumbir à tentação, e personifica o jugo opressor que as prende sugerindo uma explicação do porquê ser tão difícil libertar-se da culpa.

A concepção do ‘pecado de morte’ faz a pessoa perder a auto-estima e se sentir a pior criatura do mundo sugando-lhe a felicidade e o brio, que passa a ver seus irmãos como mais afortunados. Toda vez que esta reúne forças para se levantar, o sentimento de culpa logo a põe para baixo, então seus sentimentos ficam oscilando entre euforia e depressão – isto é horrível! 

Não raro, advém o pensamento de morte. Pudera, a culpa lhe arrastou para esse vale. Mas temos o Bom Pastor que nos apascenta por verdes pastos, guia-nos mansamente a águas tranqüilas e refrigera nossa alma.

"Tristezas de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombram. Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam” (Salmo 18:4-5).
Mas “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum porque Tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” [e protegem] (Salmo 23:4).

Geralmente o indivíduo concentra seus esforços em esconder das pessoas a sua angústia. Obtêm êxito nesta parte, mas acaba sem ajuda porque deixa as pessoas alheias ao seu sofrimento. Não arrisca expor-se porque teme as pedras de acusação. Por outro lado, é carente do apoio e tem necessidade de sempre ouvir dos seus que está perdoada. Fica evidente a preocupação em querer provar aos outros que recebeu ou é digna de receber perdão. Quer transmitir aos demais, o que ela própria não tem convicção.

Não é por muito falar que serás ouvido;
Não é de muito ouvir que serás convencido.

Basta um ato de fé, uma oração; Basta um olhar misericordioso do Pai, uma só palavra de  amor, para alcançarmos Seu favor que nos dará perdão e paz. 

“Senhor eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”  
(Frase usada na liturgia eucarística católica, adaptada de Lucas 7:6,7)

Quem vê cara não vê coração - Você talvez não saiba, mas pode ser que aquele(a) que senta ao teu lado nos cultos esteja passando por isso. Quem não conhece esse sofrimento, não imagina a dor. Sintam o desespero, a insegurança, a oscilação de sentimento de alguns jovens:

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A grande viagem




"Quem sou eu?" - Continuação  (Ler 1ª parte)

“Se eu não for agora, talvez nunca descubra quem eu sou na verdade?” Esta é katie falando com uma senhora a quem recorria quando queria conselhos. A resposta da amiga idosa é muito emocionante: “Você é aquela que gosta de fazer passeios noturnos de charrete porque é uma dos poucos que consegue conduzí-la à noite (...) Não pense que vai encontrar lá fora o que já não encontrou aqui (...) Foi o amor que te trouxe, é o amor que está te levando (...) Então vá!”

Sair do assentamento é a pior transgressão que um amish pode cometer, é o seu 'pecado de morte'. À procura de sua mãe biológica, katie renuncia o modo de vida amish, mas ao chegar na casa da sua genitora, encontra uma impostora se passando por ela. A mãe, apesar de não ser, quer uma filha amish. Seu conflito existencial aumenta, pois a vida que abandonou alguém está usurpando. Novamente katie enfrenta o dilema de quem é na verdade: Uma inglesa ou uma amish.

Lembra muitas histórias de pessoas que abandonaram a igreja para viverem uma paixão. Anos mais tarde o cônjuge se converte ao evangelho. Toda desconsertada a pessoa volta na igreja acompanhando aquele(a) por quem a deixou. Talvez não esteja contente, mas muitos invejam o lugar que ocupa.

Quando sua mãe de criação pergunta: "O que vai dizer à ela (mãe biológica) quando a encontrar?" O coração cheio de bondade da adolescente, responde com a 'verdadeira marca do cristão' - amor e perdão: "Vou dizer-lhe: Obrigado por me permitir ter os melhores pais que uma criança poderia desejar. Seguirei minha viagem para descobrir quem sou de verdade e, mesmo que alguns não entendam, amo a toda minha congregação. Eu te amo mamãe!"

Antes de ter essa conversa e se decidir por ir embora, nossa aventureira ainda em conflito, vai à cidade, se dirige a uma loja e diz à vendedora - “Eu quero ser como você?" - que lhe escolhe umas roupas atuais. Katie faz um pequeno passeio olhando a modernidade e refletindo sobre sua vida, quando depara com outras pessoas amish, suas conhecidas e se esquiva para não ser vista.

Os costumes não nos dão a identidade de cristão, só a identidade da denominação. E nem todos os que têm seus nomes no rol de membros de uma instituição terrena, terá seus nomes escrito no Livro da Vida nos céus. Não é porque fazem parte da igreja militante que farão parte da igreja triunfante.

Mas qual é a nossa identidade como pessoa e por que está tão distorcida? Será que a culpa é toda da instituição religiosa? Porque se a igreja faz as pessoas, as pessoas também fazem a igreja. E quando a igreja é que passa por uma crise de identidade e muda seus ensinamentos, como reagem os membros, mudam também ou permanecem no que antes aprenderam?

“É semelhante ao homem que contempla no espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era” (Tiago 1:23,24).

Veja um exemplo, a CCB nasceu em berço pentecostal, sua infância foi pentecostal (falava em línguas estranhas) agora na juventude, age como uma mocinha rebelde que nega suas raízes e declara que não é, nunca foi, nada tem de pentecostal. A CCB está em transição abandonando definitivamente o falar em línguas. Quando foi a última busca de dons na sua comum (igreja local)? Se algum dia a igreja declarar que a Bíblia não é, apenas contém, a Palavra de Deus, você vai declarar isso também?

Muitos me criticam dizendo: “Você ainda não entendeu o que é esta graça?”; Outros me evitam pensando: “Este irmão não tem entendimento, não está convertido?”; Alguns me ofendem acusando: “Do jeito que fala mal da igreja deve ser um pecador de morte [adúltero]” (30º comentário anônimo em 'Transei... E agora?').
 
Eu não falo mal da igreja, eu falo bem da doutrina, porque não sigo um sistema ideológico, sigo a Bíblia – Infalível Palavra de Deus. Isto me faz pensar; falar; agir um pouco diferente que a maioria na igreja, mas não errado. Não fui eu que não entendi o que é esta graça (referindo a CCB) foram os que me disseram isto que não entenderam Quem é a Graça, e que este título não pode ser usurpado e que esta coroa é muito pesada para uma igreja carregar.

Por que não deixa a Congregação? - poderá alguém me perguntar. Eu não penso como a maioria que vê uma igreja ideal, para mim: "A CCB não é a única igreja certa; mas é certo que a CCB é uma igreja única". O que proponho não é deixarmos a igreja e sim uma ideologia para fazermos uma igreja melhor: mais evangélica; mais pentecostal; mais cristã, mesmo que isto custe nossa marginalização no grupo. Mas pode ser que de alguns teremos a admiração.

Moisés sabia quem era, sua adoção lhe tornava um príncipe, porém foi maior homem depois que renegou a grandeza da sua posição egípcia. A libertação dos hebreus não veio pelo príncipe, mas pelo escravo; não veio pelo nobre, veio pelo plebeu.

"Moisés sendo já grande recusou ser chamado filho da filha de faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado, tempo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito... Pela fé deixou o Egito, sem temer a ira do rei" (Hebreus 11:24-27)

O filme “O Segredo” (The Shunning) termina com a cena de um ônibus de partida tomando a estrada. Nele está katie seguindo numa viagem ao desconhecido porque jamais, em seus vinte anos de vida, havia saído do seu pequeno mundo amish. Que surpresas a aguardam e quais serão suas descobertas? Quer ser um cristão verdadeiro sem máscaras? Você tem coragem de subir neste ônibus? Então, prepare-se para uma aventura... Sua jornada vai começar!

"Seguirei minha viagem para descobrir quem sou na verdade.
E mesmo que alguns não entendam, amo toda a minha congregação"
(Katie Lapp)

 FIM

Este post encerra a série "Qual é o teu segredo?"

Leia os outros textos da série:

Leia outros pensamentos sobre "Quem sou eu?"

Quem sou eu?


‘Eu sou...’ A princípio nos parece fácil responder, mas não há resposta possível sem antes fazermos outras perguntas. E quando começamos a fazê-las iniciamos uma jornada de descobertas. Podemos até nos assustar ao descobrirmos que a deformação do nosso reflexo não é defeito do espelho.

Katie olhando-se no espelho

Você já teve a sensação de ter visto um estranho ao se olhar no espelho? Já se sentiu diferente em meio à irmandade mesmo estando vestido ou agindo igual? Por pensar espontaneamente já foi mal interpretado e suas perguntas incomodaram aos outros? Quando agiu de modo diferente de seus irmãos da igreja eles continuaram te tratando igual? E quanto aos seus ‘quês’ e ‘porquês’, estão todos resolvidos; foram todos respondidos?

A jovem e encantadora Katie Lapp gostava de cantar músicas ‘inglesas’ (do mundo) com o seu violão, um instrumento considerado ‘inglês’ e não aceito pela comunidade amish, por isso, era vista como uma rebelde, uma crente ‘torta’ que precisava ser endireitada. Foi excluída da igreja e do convívio com a irmandade. Todos, inclusive seus pais, deixaram de falar com ela.

Katie descobriu que fora adotada e nascera ‘inglesa’, passou a sentir-se inferior aos outros, uma estranha em meio sua comunidade. “Talvez seja este o motivo de não conseguir me adaptar aos costumes”, pensou.

Não é o costume denominacional que nos torna filhos, nem agir como os irmãos que nos faz pertencer à família de Deus, na qual fomos inseridos por “adoção”. Sim, todos fomos adotados - “Mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Abba, Pai” (Rm 8:15).

Os judeus são os ramos naturais, todos nós (os gentios) “fomos cortados do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertados na boa oliveira” (Rm 11:24;16-20) Isto não faz diferença alguma para Deus, pois nos promete: “Também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles que nunca se apagará” (Isaías 56:5).

Que tratamento ou nome seria melhor do que filhos e filhas de Deus? O de amigos de Deus - Título e honra dado a Abraão, o pai da fé (Tg 2:23). Na família de Jesus ninguém é tratado com empregado embora sejamos servos.

“Já vos não chamarei de servos, mas tenho-vos chamado amigos” (João 15:15).

Como Katie eu não nasci de pais crentes. Quando vim para a igreja, muitas vezes me senti inferior aos irmãos ‘nascidos na graça’ que pertenciam a famílias tradicionais que pareciam ‘donas-da-obra’. Por terem iniciado ou serem os primeiros crentes da igreja tinham um ar de superioridade seus filhos pareciam príncipes e quem não tinha esta linhagem, aqueles que se convertia depois, eram como plebeus.

Fico imaginando a sensação de Mefibosete quando se sentou pela primeira vez para comer com os elegantes príncipes e servos reais, todo torto e "aleijado de ambos os pés" (v.3) sem a educação dos nobres, tendo que enfrentar os olhares tortos que viam nele um inimigo de Davi por ser neto de Saul. Mas para o rei, ele era a lembrança do seu pai Jônatas, o melhor amigo que tivera em toda vida.

“Porém Mefibosete comerá à minha mesa como um dos filhos do rei” (2 Samuel 9:11)

Aquela bela mocinha não era rebelde, era espontânea. Só desejava fazer algo que estava em seu coração, como alguém que escreve poesias queria cantar suas emoções, manifestar os seus sentimentos e seu amor por Daniel Fisher através da música. Sua coragem a diferenciava, mas sua fé, a tornava filha de Deus como os outros.

Aqui neste blog muitos compartilharam que ao buscarem seus sonhos ou desejos foram repreendidos ou censurados na igreja porque isto “não convinha aos crentes”. Tivemos a bailarina que errou o passo, o ator que não subiu nos palcos, a atleta impedida de fazer academia, o palhaço que perdeu a graça, os namorados que tiveram seus beijos censurados, o torcedor que engoliu o grito de gol, o hino avulso que desafinou o violão, o menino que saiu do time de futebol, a criança que não viu as atrações do circo e do parque de diversões, e o crente que tinha medo do mar.

Contrariados tiveram que seguir o modelo de comportamento que seus irmãos seguiam; vestir o que seus irmãos vestiam, curtir o que os seus irmãos curtiam. Até pensar como o coletivo pensava. Isso sem falar naquele que perguntou se era gay e daquele que se assumiu homossexual.

Ser igual aos outros pode muito bem significar não ser você. Já disse que os usos e costumes podem dar uma roupagem para o coletivo, mas será uma máscara para o indivíduo que esconderá sua identidade.

O torto, o feio, o diferente que contemplamos podem ter uma história de muita beleza que não enxergamos.  Que exército aceitaria Jacó como soldado? Sendo coxo até a sua marcha sairia esquisita, porém a batalha que travou contra um anjo - e prevaleceu – nem mesmo qualquer general experinte de guerra poderia suportar.

As marcas que Deus coloca em nós diferenciando-nos e que nos fazem únicos, devemos ter orgulho delas não escondê-las. Tal história de uma menina que beijava o rosto de seu irmão quando os outros tinham aversão da cicatriz que trazia na face. As marcas eram de queimadura que obteve salvando-a de um incêndio.   

Mefibosete não reclamava por ser coxo. Ele adquiriu esta deficiência aos 05 (cinco) anos de idade. Sua ama antecipou-se a um ataque que matou sua família, e na fuga deixou o menino cair causando-lhe as lesões (2 Samuel 4:4). Era deficiente por causa da fragfilidade de sua babá; hoje estava vivo e criado por causa do amor desta mulher. Quais são as marcas de Deus na sua vida?

Eu posso não ter o costume e, mesmo assim, ter a mesma fé. Eu posso ser ‘plebeu’ e, mesmo assim, ser tão, ou mais, crente que os ‘príncipes’. Eu posso ser diferente, eu posso ser... Eu! E você pode ser você.

Você é especial, não existe outro igual;
Deus criou você assim; Diferente de mim.
(Ana Paula Valadão)

Quem é você afinal? Um produto de um sistema religioso ou uma nova criatura nascida em Cristo. Você segue cegamente ensinamentos humanos ou seus olhos foram abertos pela Bíblia, nossa mestra de fé e prática? És apenas membro de uma igreja ou verdadeiro cristão?

Quando não conseguir ser crente (ou membro) como o outro é, sejas crente como Deus o quer e o fez.  Pois não foi tua igreja que te fez filho, ou o batismo dela que te dá o direito de herança. Foi a Palavra que te gerou, foi o Espírito que te adotou, foi a Graça que te fez herdeiro.

Quando andamos na nossa verdadeira vocação servindo a Deus sem máscaras, encontramos a paz e a distorção do nosso reflexo no espelho desaparece.

Katie suspirando ares de mudança


Continua...

Leia também: "Por quê?"


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A letra que mata e a Palavra que vivifica




"As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?" (Salmo 42:3)

Reunião de mocidade (encontro ou congresso de jovens) é uma ocasião solene e festiva que congrega os jovens da igreja de diversas localidades com o objetivo secundário - talvez primário - deles se conhecerem, formarem amizades e atarem namoro.

Qual de nós que olhando para aquela multidão de rostos juvenis, vistosos e sorridentes poderia imaginar que muitos deles ao chegarem em suas casas, ou ficarem sozinhos, terão seus semblantes alterados e seus sorrisos convertidos em lágrimas.

‘Pequei de morte?’ ‘Será que ainda sou crente?’ ‘Ainda resta esperança e salvação para mim?’ São algumas das perguntas que se fazem – e me fazem – por terem cometido algum erro, geralmente de natureza libidinosa.

“Porque estás abatida, ó minha alma, e porque te pertubas em mim" (Salmo 42:5) "Tristezas de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombram. Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam” (Salmo 18:4-5).

O que lhes causa tanta tribulação é a sentença de morte declarada pelos ensinamentos da igreja para os que tais atos comentem. O ensinamento é uma interpretação da doutrina bíblica, eles estabelecem as regras de condutas e a norma eclesial que nos disciplina conquanto membros.  Se a bíblia é a Palavra, o ensinamento é a letra.

Realmente não podemos banalizar o pecado e nossos atos têm suas conseqüências, do mesmo modo, não podemos diminuir a graça que recebemos e pela qual fomos justificados. Como perguntam se ainda lhes resta salvação, provavelmente não entenderam o que é a salvação:

Salvação não é prêmio por uma conquista ou recompensa que fizemos por merecer; não é resultado de boas obras: “Não vem das obras para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9); não é um conhecimento adquirido ou um segredo que desvendamos; não é uma mercadoria exclusiva ou um produto patenteado de alguma denominação.

A salvação é uma obra profética de amor que desde a eternidade previu nossa queda e preparou um caminho de redenção. Mas, O Pai, O Filho e O Espírito Santo conjurados guardaram isto em segredo até que “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas gerações foi manifesto aos seus santos” (Cl 1:26). É a inesperada, imerecida e constrangedora resposta de Deus, Pai de amor, à nossa ofensa para com sua santidade. Tão grande ofensa que trouxe tão grande culpa que necessitava de uma tão grande salvação.

“Óh, feliz culpa que mereceu tão grande Redentor; que para salvar o escravo sacrificaste o Filho” (Pregão Pascal)

A Bíblia nos apresenta esta “tão grande salvação” (Hb 2:3) como um dom (presente) de Deus. Os efeitos da salvação são muito amplos. Mesmos nós, crentes em Jesus, que já desfrutamos das bênçãos dessa maravilhosa graça e conhecemos na prática algo de seu valor, muitas vezes não damos conta da sua magnitude e verdadeira grandeza.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8)

A salvação é um conjunto de benções que opera no pecador: O perdão; a justificação; a redenção; a santificação; a regeneração; e vivificação. A salvação é imediata e ao mesmo tempo progressiva porque é um processo que vai terminar no céu.

A graça é imensurável, mas para dar força à letra; à sua interpretação; ao ensinamento da sua razão, o homem restringiu a graça. Enquanto a denominação nos apresenta uma graça medíocre, que tem limite, vencida pelo pecado; o evangelho que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16), nos fala de uma graça maravilhosa, imarcescível e superabundante.

“Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5:20)

Estes jovens estão em dúvida - alguns sem esperança - porque o zelo denominacional os fez aceitar o pesado jugo eclesial e tornaram-se escravos de uma ideologia humana que diz que a graça só vai até o ‘pecado de morte’ que segundo a interpretação é a fornicação. Por não suportarem o fardo  estão cansados e vivem o dilema que lhes esvai a esperança: “O que fiz foi fornicação; Terei salvação?”

Aliviai-vos: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:29,30)

Na reunião de mocidade buscaram com risos alguém para namorar, ficaram felizes quando encontraram, depois procederam lascivamente (exibiram a nudez; masturbaram-se mutuamente; simularam o ato sexual, etc), e agora sentem pesar porque o namoro não foi santo e, pelo acusador, são atormentados dia e noite: "Não és mais crente; Este não é o seu lugar; Pecaste de morte"

"Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu estava em meio aquela multidão. Fui com eles  à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a mocidade que festejava" (Salmo 42:4*)

Alguns deles mantiveram relações sexuais e, de fato, fornicaram. Este é um pecado grave, segundo a interpretação: ‘de morte’; A sentença segundo a letra: ‘morte’. A esperança dos que seguem a ideologia morre, e o crente que fora vivificado (Ef 2:1,5) agora está morto e não sente mais a presença de Deus.

A graça não pode romper a barreira da fornicação? O poder do evangelho (Rm 1:16) não pode fazer brotar a esperança que murchou e se esvaiu? É isto o que a Bíblia diz?

A Bíblia me diz: “Bendito seja o Deus que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança... para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível [que não se pode murchar]” (1 Pedro 1:3,4); O evangelho reforça ainda que fomos “de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível: pela Palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1 Pedro 1:23).

A graça excede a lei; A Palavra sobrepuja a letra.

Enquanto a lei determinava que perdoássemos sete vezes nosso irmão, o Senhor Jesus disse para perdoarmos setenta vezes sete (Mt 18:22). Se isto cabe a nós qual é a oferta de perdão Dele?

Durante o sermão “O escândalo da graça”, o pastor Marcos Feliciano pregou: “A Bíblia apresenta 370 (trezentos e setenta) classes de pecado. Porém na Bíblia foram feitas 8000 (oito mil) promessas de perdão”. Eis aqui uma: “Porque sete vezes cairá o justo (ou setenta vezes sete), e se levantará” (Pv 24:16).

O Senhor Jesus deixou na tua conta 490 (quatrocentos e noventa) perdões. Se você cometer todos os pecados (370 segundo aquela pregação) te sobrará uma gordurinha, um saldo positivo de 120 (cento e vinte). Mas este primeiro depósito é somente um sinal ou uma mesada porque a Palavra penhorou “8000 (oito mil) promessas de perdão” para o teu resgate. Aleluia!

Pergunto: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? Quem nos condenará? Quem nos separará do amor de Cristo Jesus nosso Senhor?” (Rm 8:33,34,35).

A Bíblia não é livro de acusação; Ela é a tua defesa e o Senhor Jesus, o teu advogado (1 Jo 2:1).

A condenação de morte foi revogada, se temia o carrasco, adore o Salvador. Ele arrancou a sentença assinada pela letra das mãos do teu acusador, rasgou e o fez engolir. A dívida que teus credores exibiam em público te humilhando foi paga e a fatura carimbada “quitado” foi pendurada no alto. Teu nome está limpo – “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto, ninguém vos julgue...” (Colossense 2:14,15,16)


O evangelho me salvou; a graça me perdoou; a Palavra me libertou (Cl 1:13). Portanto, “estais, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão” (Gálatas 5:1). “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (Cl2:8).

Por meio do evangelho descobrimos que a justiça de Deus se faz de fé em fé (Rm 1:17). A mesma fé que te matou para o mundo e fez viver para Cristo, é a mesma  fé que deve usar quando a ‘letra’ o acusa e quer ter matar e separar de Cristo. A salvação não precisa da aprovação dos ensinamentos e nem é validada pela letra, ela é dom de Deus que vem pela graça;  e temos entrada a esta graça pela fé (Rm 5:2).

Fornicação como pecado de morte é uma doutrina nascida da interpretação humana – Digo isto não para que pequeis, mas para que vos consoleis na esperança da salvação. O verdadeiro pecado de morte é a apostasia, o abandono da fé; É deixar de crer na salvação em Jesus Cristo. Ele é a graça; O mistério que esteve oculto; O caminho que estava preparado desde a fundação do mundo. Por isso:
“O justo viverá da fé; E, se ele recuar (apostatar), a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10:38).

Dizem que "a esperança é a última que morre". Digo-vos: A letra só pode matar, se a esperança morrer! Enquanto haver fé, a graça agirá e a Palavra vos vivificará.

Regozije-se: O que me consola na minha angústia é isto: que a tua Palavra me vivifica” (Salmo 119:50**)



* contextualizado
** versão revista e atualizada