A música é a arte de manifestar os diversos afetos de nossa alma mediante o som. O louvor expressa por meio da arte musical nossa íntima adoração ao Criador. Estas são definições comuns nas aulas de teoria musical. A música é lícita somente quando ela é para louvar? Pode o cristão ouvir; cantar; tocar música popular?
O filme “O segredo” (The
Shunning) inicia com a cena em que a jovem katie Lapp vai ao celeiro, sobe as
escadas e lá no piso superior tira o violão debaixo do feno para, às
escondidas, tocar e cantar ‘músicas inglesas’, proibidas na sua comunidade.
Os Amish usam o termo ‘inglês’
para se referirem a todos e a tudo que vêm de fora. É a mesma coisa que dizer
que algo é do ‘mundo’. Para os Amish, assim como para outros grupos cristãos, a
música quando não é sacra, é do ‘mundo’; Por isso, ela é mais que imprópria, é
pecado.
Katie aprendera tocar violão com
seu antigo namorado Daniel Fisher (ator: David Topp), também amish. A paixão
pela música se confundia com a paixão de um pelo outro. Os dois compuseram
juntos a canção “Vaga-lumes” cuja letra é a lembrança do dia em que se
apaixonaram. Durante um passeio noturno de charrete, a noite era iluminada
somente pela lua e os vaga-lumes do bosque. Música é sentimento. Quando
terminaram de “tirar” a música (aprender os acordes; fazer os arranjos),
fizeram juras de amor e selaram com um beijo apaixonado – o primeiro de suas
vidas.
Por cantar músicas que não eram louvor, a
donzela era vista como uma rebelde. Como isto era considerado uma transgressão,
Katie era constantemente pressionada a ignorar as composições que não estão no
hinário e livrar-se do violão, presente de Daniel, que era considerado um
instrumento ‘ingles’. Chegou a enterrá-lo. Isto significava quebrar a promessa
feita ao antigo namorado que jamais deixaria de cantar e tocar, bem como,
sepultar seu verdadeiro amor. Daniel morrera afogado e Katie, agora, achava-se
noiva do bispo da comunidade, viúvo e pai de dois filhos.
Katie, interpretada por Danielle
Panabaker, vivia este dilema: “Se Deus não quer que eu cante, por que coloca
estas canções no meu coração?”. Após sua exclusão julgando que não tinha mais
nada a perder, a mocinha desenterra o violão e começa a tocar na varanda de sua
casa. Seu pai sentindo-se afrontado e cheio de cólera arranca o instrumento de
suas mãos e o quebra em pedaços. Cena muito triste.
Até meus quatorze anos freqüentei
o neocatecumenato, na minha primeira-comunhão, a comunidade me presenteou com
um violão. Aprendi os cantos do caminho neocatecumenal para tocar na igreja.
Quando vim para a CCB, alguns iluminados me disseram que deveria romper com
tudo o que me ligava às coisas que ficavam para trás. Isto incluía o violão, um
instrumento da ‘idolatria’ segundo eles. Não consegui me desfazer do violão e por
quase quinze anos ficou ‘enterrado’ no maleiro do guarda-roupa, até que um dia
resolvi tocá-lo novamente. Sem ter quem me ensinasse ou inspirasse, ‘tirei’ os
primeiros hinos. Hoje tenho a maioria de nossos hinos cifrados. Também gosto de
tocar música popular e de raiz. Toco mal, canto pior ainda, mas o som das
cordas me faz bem.
Nossos jovens aprendem a música
na igreja para louvar a Deus. O aprendizado de música sacra é o mesmo
aprendizado - a mesma teoria - de qualquer outra música e acaba despertando a
paixão pela música de um modo geral. Por
conseguinte, a mocidade adquire e desenvolve um profundo gosto musical. Mas, se na teoria a música
concorda, na prática os homens discordam, sendo ensinado nas escolas musicais
da igreja que não sendo para o louvor a
música é profana e não convém aos crentes, sendo exigida dos músicos, exclusividade
para com a nossa orquestra, ficando vetada a participação fora de nossos
recintos ou serviços,ou será tido por rebelde.
No último domingo participei de um Ensaio Regional (Encontro dos músicos onde, entre outros assuntos, são transmitidos os ensinamentos que são normas de procedimentos), nele o Ancião foi taxativo: “É errado músico da igreja participar de outras orquestras ou corporações musicais, também fazer apresentações e tocar em casamentos”. Do duelo: gosto musical versus proibição denominacional nasce o dilema: "Se não posso tocar - senão louvor - porque me fizeram gostar tanto de música?" Diante do impasse, ou 'enterra-se' o desejo de tocar, ou toca-se às escondidas sob pena de perder o direito de tocar na igreja.
No último domingo participei de um Ensaio Regional (Encontro dos músicos onde, entre outros assuntos, são transmitidos os ensinamentos que são normas de procedimentos), nele o Ancião foi taxativo: “É errado músico da igreja participar de outras orquestras ou corporações musicais, também fazer apresentações e tocar em casamentos”. Do duelo: gosto musical versus proibição denominacional nasce o dilema: "Se não posso tocar - senão louvor - porque me fizeram gostar tanto de música?" Diante do impasse, ou 'enterra-se' o desejo de tocar, ou toca-se às escondidas sob pena de perder o direito de tocar na igreja.
A personagem do filme cometeu
algum pecado? A música que me alegra estaria desagradando a Deus? Ao músico
cristão resta apenas tocar na igreja? Toda música popular ou secular é do
mundo? A resposta para todas estas pergunta é NÃO.
Definidos música e louvor, vamos
a definição de 'música do mundo'. Primeiro temos que compreender o que a Bíblia
chama de “mundo”. No contexto das Escrituras, não se trata do planeta ou
universo. Mundo é todo um sistema de valores e práticas que se opõem ao
Evangelho e ao Reino de Deus. Logo, tudo o que contraria os genuínos
ensinamentos e princípios bíblicos, os valores e a ética cristã é do mundo.
Música do mundo não é caracteriza
pelo gênero, estilo ou ritmo musical, mas é definida pela mensagem oposta e
contradizente à mensagem do Evangelho. Desse modo, nem toda música secular é
música do mundo. O crente pode deleitar-se em boa música popular, porém jamais
apreciar música do mundo. Portanto, “Não ameis o mundo nem as coisas que há no
mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2:15).
As músicas que cantam o amor
verdadeiro, as belezas naturais de nossa terra natal, a vida simples do campo,
entre outros, não são do ‘mundo’ e podem ser ouvidas, cantadas e tocadas porque
são expressões dos diversos afetos de nossa alma mediante o som. Para tocar não
precisa se esconder porque a música é manifestação. Cante uma canção ou louve a
Deus, a música é o teu sentimento. A música está dentro de você.
Sequência do post: "Qual é o teu segredo?"
Ricardo, um dos pontos que os contrários aos músicos profissionais na igreja é a situação de aplauvo, aclamação que quem se apresenta recebe.
ResponderExcluirSeria como querer ser louvado, honrado e até adorado!
As palmas para mim não são louvor, se fossem teríamos palmas em nossos cultos.
Em todo caso, onde falta tolerância sobra ignorância.
Só avisando que naquele ensaio tinha uma cantora lírica que canta na USP RP e uma organista que fez seu primeiro recital na escola de arte de nossa cidade na segunda-feira!
Daniel
'Esconder' e 'Aparecer' foram as palavras-chaves no ensaio. Sendo que 'esconder' era a virtude e 'aparecer', o defeito.
ExcluirSerá que todo músico que toca para fora quer somente 'aparecer'? Aquele que tem este sentimento jamais conseguirá dar a Deus um louvor digno mesmo que só toque na igreja.
O paradoxo é este: 'Esconder' ali era louvável; 'esconder' aqui, é patético.
Aiiii meu Deus, quem foi que disse que o violão era proibido??? Esse ai quer o que, acabar com a vida???
ResponderExcluirAcredito que se a música fosse algo ruim, Deus nao teria criado, e temos que saber escolher qual tipo de musicas devemos ouvir e cantar, claro que tem algumas profanas, mas existem muitas muito boas..
Agora uma coisa que muitos da CCB nao sabem diferenciar é o que louva e o que nao louva... tipo muitos que eu conheço escutam musicas que realmente nao condizem, mas uma vez qdo fui ouvir umas musicas gospel, eles tiveram a cara de pau que aquilo nao era de Deus, eu queria realmente matá-los ¬¬....
Bueno, acho que tudo não deve ser levado ao extremo, até mesmo pq Davi era musico de Deus.... e não tocava os hinos do hinário ¬¬..... Enfim só acho que temos que saber separar, e escolher musicas que nos tragam alguma edificação, e que sejam belas.... =D... Amei o post.... belas palavras como sempre!
"Enfim, só acho que temos que saber separar, e escolher músicas que tragam alguma edificação".
ExcluirExatamente Kézia,esta é a questão - o dicernimento.
Como diz em 1 Tessalonicenses 5:21: "Examinai tudo; retende o bem".
ResponderExcluir
Sei bem como é. Eu como membro da CCB vez ou outra escuto algo em relação as músicas que escuto. Músicas normais, nada profano ou vulgar como muitas músicas atuais.
ExcluirE gosto também de ouvir música evangélica no geral. Mas para alguns ccbeanos apenas os hinos servem para adorar a Deus...
Esse post devia ser entregue ao dominio público, tipo propaganda política, sabe??
ResponderExcluirExpressou em palavras tudo o que penso e sinto a respeito da música, levando em consideração a "repressão" e o fato de já ter ouvido na Palavra: "Ouvir música é pecado"
Perfeito!
Se até ao hino avulso disseram que é pecado,
Excluirquanto mais à música que não expressa louvor.
Tem um post que fala sobre o preconceito que alguns tem contra os hinos avulso. Procure:
"HINOS AVULSOS - QUAL SUA INSPIRAÇÃO?"