“Já determinei que o que tal ato praticou,
(...) seja entregue a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito
seja salvo no Dia do Senhor Jesus. Não vos associeis (...); com o tal nem ainda
comais. Tirai, pois, dentre vós a este iníquo” (1 Corintios 5:3,5,11,13).
Afastamento; Banimento; Excomunhão - Nomes para uma punição eclesiástica que priva o membro do uso dos sacramentos e exercícios e, até mesmo, da comunicação com os irmãos de fé. No linguajar mais peculiar é tirar ou ‘cortar’ a liberdade de alguém na igreja.
No filme “O Segredo” (The Shunning) esta medida disciplinar é aplicada a Katie, considerada uma rebelde por não seguir os costumes ou ensinamentos de sua igreja, mas
na verdade, uma menina sonhadora, corajosa e que agia de acordo com seus
sentimentos. O final do versículo 11 do capítulo 5 da primeira carta de São
Paulo aos coríntios é citado dessa forma: “Com o tal nem se deve comer”. A
jovem fora excluída da igreja e sua própria família não conversava com ela e, tampouco,
podia se sentar à mesa com eles.
Uma das cenas mais
emocionantes do filme é quando a mãe de Katie quebra os votos de exclusão e a
proibição de conversar com ela para fazer confidências à filha. Devido a evolução
dos acontecimentos, numa despedida gelada e triste, sem ao menos um abraço, o
pai de Katie lhe dirige a palavra sem encarar a filha. Estava desconsertado com
a situação e a imposição da igreja que deveria seguir. Para a mocinha amish sua
presença bastou e o ombro do pai deu conforto e sentiu a gratidão da filha.
Desde o início da
igreja apostólica existe esta prática e a grande maioria dos grupos
denominacionais utiliza-se dela para manter o “rebanho puro”, e o fazem dizendo amar o excluído. Pergunto-me se estariam
as igrejas agindo de acordo com a recomendação bíblica porque mais vi pessoas
se afastarem do que se retratarem. Mais vi os joelhos desconjuntados serem
quebrados do que endireitados. Para mim, excluir ou tirar a liberdade de alguém sempre foi uma controversa forma de amar.
No filme quem acaba se retratando e pedindo perdão são os pais de katie. Acredito que para muitos os líderes ou ministério da igreja devem desculpas e serão responsabilizados por suas almas (Hb 13:7,17).
“E, na verdade, toda
correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois,
produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. Portanto, tornai a
levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas
para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes,
seja sarado” (Hebreus12:11-13).